Uma diferença (in)visível
Este é um texto que eu estava devendo ao blog há algum
tempo. Resolvi que ia fazer uma postagem sobre as dificuldades enfrentadas
pelos deficientes depois de presenciar duas situações absurdas. Uma em um micro
ônibus e a outra em uma clínica no bairro do Rio Vermelho.
Na primeira situação eu estava a bordo do micro ônibus
quando ele parou em um ponto no Imbuí para realizar o embarque de uma senhora e
de sua filha, que era deficiente mental e tinha dificuldades de locomoção.
Quando a garota estava subindo com o auxílio de sua mãe, o motorista colocou o
veículo em movimento com a porta ainda aberta. Neste momento a mãe gritou
desesperada temendo uma provável queda.
O que ela ouviu do motorista, que freou logo após o grito, foi um “Vai levar o dia todo?!”. Ela entrou, acomodou a filha e começou a discutir com o motorista que ouviu tudo calado até encerrar a discussão com um “Da próxima vez que a senhora pedir o ônibus eu vou passar direto!”. O nervosismo daquela mãe com toda a situação era tão grande que ela não conseguiu mais dizer nada, só fazia chorar.
O que ela ouviu do motorista, que freou logo após o grito, foi um “Vai levar o dia todo?!”. Ela entrou, acomodou a filha e começou a discutir com o motorista que ouviu tudo calado até encerrar a discussão com um “Da próxima vez que a senhora pedir o ônibus eu vou passar direto!”. O nervosismo daquela mãe com toda a situação era tão grande que ela não conseguiu mais dizer nada, só fazia chorar.
A segunda situação foi quando eu estava no segundo andar de
uma clínica no Rio Vermelho e aí um senhor que tinha uma deficiência na perna
chegou ao andar de baixo para realizar um eletrocardiograma. A clínica não
tinha rampa ou elevador e só havia um aparelho no andar de cima para o exame.
Nessa hora começou uma discussão entre os funcionários para
saber o que iria ser feito. Uma assistente chegou a comentar que “Aqui só tem
escada. Ele veio porque quis. Não é problema meu!” e outra disse: “Manda ele para
a clínica de Ondina que lá eles dão jeito”. Durante o "debate" a recepcionista
ligou para uma pessoa que deu a ordem de levar o aparelho para a sala do andar
de baixo. Foi aí que veio a surpresa. O aparelho era exatamente como o da imagem acima: pequeno, sobre uma mesa de rodinhas e podendo ser carregado por uma
pessoa sem precisar fazer grandes esforços.
Depois de presenciar estas situações eu passei a prestar
mais atenção nos deficientes e percebi o quanto Salvador é despreparada para
atender a estas pessoas. Apesar de estar previsto em lei, a maioria dos lugares
não tem uma estrutura ideal para receber deficientes. É muito comum encontrar
vias públicas sem rampas. As marcações em alto relevo no chão para os
deficientes visuais são mais raras ainda.
A maioria das ruas, avenidas, praias, estabelecimentos como:
restaurantes, prédios onde funcionam órgãos públicos, escolas etc., só para
citar como exemplo, são lugares onde qualquer pessoa pode frequentar sem
restrição e a qualquer momento, correto? Não, errado! Não é isso o que a gente observa.
Todo mundo sabe do direito de ir e vir, mas quando se trata de deficientes
parece que todos resolvem fechar os olhos e trata-los como se fossem
invisíveis.
Em Ondina existe a única praça da cidade que atente as necessidades dos deficientes físicos e sensoriais (visuais e auditivo). O nome dela é Bahia Sol e possui quadra poliesportiva com piso especial, lanchonetes e bares com balcão rebaixado e cardapio em braille, além de rampas de acesso até a praia.
Já que estamos em ano eleitoral, vamos dar mais atenção à
causa do deficiente. Na hora de analisar as propostas dos nossos candidatos
vamos observar e cobrar deles uma assistência maior a esta minoria.
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