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Mostrando postagens de 2014

''Tempo rei''

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Distillery District Engraçado como o tempo faz verdadeiros milagres na vida da gente, na nossa cabeça e no nosso coração. Há exatos cinco meses e dezesseis dias eu desembarquei em Toronto para dar início a um intercâmbio. Sou jovem, tenho 22 anos, e havia acabado de concluir a minha graduação. Ou seja, como muita gente me disse antes da viagem, eu escolhi a época certa para viver essa experiência. Já pensava em fazer intercâmbio antes mesmo de entrar na faculdade. Ao longo do tempo fui conversando sobre a ideia com meus pais e aí com cerca de um ano de antecedência comecei de fato a me preparar para a viagem. Até então eu nunca tinha ficado mais de quinze dias longe de casa ou feito uma viagem internacional. Como a vida inteira ouvi de muita gente que eu era maduro e que tinha uma cabeça de uma pessoa mais velha, cheguei a ter a pretensão de imaginar que ficar longe de tudo por esse tempo não seria um grande desafio pra mim. Doce ilusão... No meu primeiro dia em Toronto a

O canadense

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A gente sempre ouve dizer que o Brasil tem a fama de ter um povo hospitaleiro, simpático e que sabe receber bem o turista. Com todos os holofotes do planeta voltados para o país em função da Copa, essa imagem foi reforçada para o mundo inteiro. Basta assistir a qualquer vídeo na internet que apresenta o país ou as cidades sede dos jogos que dá pra perceber claramente que essa energia do brasileiro é apresentada quase que como mais uma atração turística. Não sei como são os outros povos ao redor do mundo, mas desde o meu primeiro dia em Toronto já pude sentir o quanto que o canadense é educado, solícito e agradável. Ao desembarcar fiquei sem saber para que lado ia porque o aeroporto internacional de Toronto é muito grande. Quase um labirinto. Meu amigo acabou demorando um pouco para ir me buscar. Até saber do paradeiro dele eu pedi informação sobre a saída do aeroporto a alguns funcionários que me trataram muito bem. E olhe que nessa época eu falava muito pouco em inglês. Depois fu

O medo de andar na rua não veio na mala

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Em uma das minhas últimas semanas em Salvador tive o desprazer de presenciar dois assaltos em pleno trânsito. No primeiro duas meninas foram assaltadas no mesmo ônibus em que eu estava. No segundo o marginal arrombou o vidro de um carro que estava parado em um engarrafamento. Da janela do ônibus eu vi tudo acontecer. Quem já foi assaltado ou já viu um acontecer sabe que a sensação é de medo, depois impotência e por último revolta. Não gosto de ficar aqui comparando Toronto a Salvador porque minha intenção nessas postagens nunca foi essa. Mas, como qualquer jovem que cresce em uma grande cidade brasileira, passei a vida inteira ouvindo que por estar vulnerável a uma situação dessas eu devo ter cuidado ao andar na rua, dirigir, ir ao banco etc. Me acostumar com a atmosfera de segurança canadense chegou a ser engraçado justamente por causa dessas defesas.  O Canadá é o país que conta com uma das taxas mais baixas de homicídios por número de habitantes de toda a América, segundo est

Caminho de casa e caminho de me perder

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Eu já nem lembro quantas vezes me perdi andando pelas ruas de Toronto. Só na primeira semana foram umas quatro vezes. Lembro que uma vez eu tinha ido a um shopping perto da escola, mas na hora de voltar acabei entrando em uma rua errada e aí de repente eu não fazia a menor ideia de onde estava. Isso sem falar no dia em que eu cheguei aqui e me perdi porque fui pro ponto de ônibus errado. O detalhe é que isso tudo aconteceu quando ainda nevava muito e o frio era insuportável. No fim das contas foi bom porque me fez criar o hábito de andar mais atento a pontos de referência. Mas o que me ajudou mesmo foram os mapas das estações de metrô. Hoje em dia é muito raro eu me perder por aqui. E quando isso acontece, eu entro em uma estação e facilmente consigo me situar. Os canadenses reclamam muito do sistema de transporte daqui, mas pra mim é tudo ótimo. No transporte público você tem a opção de andar de metrô, bonde ou de ônibus. Em todos os pontos de ônibus ou nas estações de metrô há

Comida de verdade e comida de latinha

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Uma das maiores dificuldades que eu tive no processo de adaptação à vida canadense foi conseguir me acostumar com a comida daqui. O café da manhã não era problema porque eu basicamente tomava um leite com cereal, torradas e suco ou iogurte. O jantar era a melhor refeição que eu fazia durante o dia. A minha ''mãe'' é uma excelente cozinheira e todos os dias preparava pratos maravilhosos. As massas e as saladas que ela preparava eram coisas de outro mundo! E eu nem precisava repetir porque ela sempre me servia pratos enormes. O que geralmente acontecia era eu ficar satisfeito, mas ainda assim comer tudo que ainda estava no prato para não desperdiçar e fazer desfeita.  O grande problema era com o almoço. Durante o período de estudo eu tinha que almoçar na rua, já que a primeira aula acabava às 12h e a segunda começava às 13h. Passei um bom tempo entre pizza e sanduíche. Parei porque aquilo não estava me fazendo bem e também porque eu aqui sempre tive medo de ficar do

O segredo é não parar de falar

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Assim que abri o blog para fazer esta postagem percebi que a última havia sido feita há um mês e alguns dias. O tempo tem passado tão rápido que as vezes eu até me assusto... Fico até me perguntando como foi que o meu primeiro mês aqui em Toronto pareceu uma eternidade e, no entanto, de um tempo para cá o relógio tem dado voltas numa velocidade fora do normal. Acho que isso é porque as coisas por aqui deixaram de ser novidade e eu já não me sinto mais um estranho nessa terra que é fria mesmo em dias tão ensolarados que me fazem lembrar o céu de Salvador. Desde o meado do mês de abril a minha rotina mudou bastante por aqui. Isso porque as minhas aulas acabaram. Como eu já falei em postagens anteriores, esse intercâmbio conta com três meses de estudo e três meses de trabalho ou WEP ( Work Experience - Experiência de Trabalho). No meu segundo dia de Toronto eu já estava na escola tendo aula das 9h às 16h. A primeira aula era das 9h às 12h, a segunda das 13h às 14h30 e a terceira das

Saio de casa pela segunda vez

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Depois de exatos dois meses da minha chegada à esta cidade gelada chegou a hora de sair da homestay , a casa de família canadense. O meu programa de intercâmbio incluía apenas um mês de homestay , mas eu e meus pais achamos melhor pagar mais um mês porque eu não consegui achar um lugar pra ficar. Na verdade eu acabei deixando para procurar em cima da hora e também procurei nos sites errados, que por terem anúncios desatualizados me fizeram ligar para várias pessoas atrás de um quarto que na verdade já havia sido alugado. Uma professora me sugeriu um site que foi onde eu finalmente encontrei um canto pra mim. Morar em casa de família foi maravilhoso! Na época eu reclamava um pouco, mas só depois que saí fui ter noção do quanto que era bom. Eu morava com Sue, uma canadense de 53 anos, e Daxi, seu gato. A minha queixa com relação à casa era o fato de ela ser um pouco fria. Até hoje não sei se o aquecedor era fraco ou se eu sou mais friorento do que imagino. Outra coisa que me incom

Sobre a saudade

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Com a viagem marcada para o dia 25 de janeiro, um sábado, foi justamente no início dessa semana que eu comecei a sentir o quanto que Salvador ia me fazer falta. Como tive que andar muito pela cidade para resolver alguns problemas que eu não ia poder resolver à distância, eu ia observando atentamente cada pedacinho de Salvador. Era como se eu quisesse lembrar perfeitamente de tudo enquanto estivesse fora. Como se fosse possível esquecer em seis meses do lugar onde eu vivi a vida inteira. Marquei uma reunião com amigos e família para a véspera da viagem, na sexta-feira, mas durante a semana fui encontrando os amigos que não iam poder comparecer. E no dia anterior, na quinta, fui com outros amigos a um ensaio de verão de Margareth Menezes. Como sou completamente apaixonado por samba-reggae, aquele dia foi bastante especial porque era o último show que eu ia assistir na cidade antes de viajar. E para tornar a noite ainda mais especial, Margareth ainda ia contar com a participação de D

O significado da palavra frio

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Meses antes de comprar as passagens muita gente já me alertava quanto ao frio de Toronto nesse período de início de ano, em especial neste inverno que tem sido o mais rigoroso das últimas décadas por aqui . Mesmo tendo uma vaga noção do que iria encontrar, eu só fui comprar roupa de frio na semana da viagem. Coloquei na mala alguns suetérs e dois casacos bem grossos. Não comprei muita coisa porque no Canadá roupa de inverno é muito mais barata que no Brasil. Sem falar que um casaco de frio que é vendido em Salvador dificilmente vai ser ideal para o frio típico de um inverno canadense. Cheguei de manhã ao aeroporto Aeroporto Internacional Pearson de Toronto em uma viagem cansativa que levou dez horas partindo do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Estava usando uma camisa, suéter, casaco, luvas de tecido, calça jeans, tênis e duas meias em cada pé. Rafael, meu amigo que mora aqui com a esposa Bebel, foi me buscar. Enquanto estava lá dentro ainda não tinha sentido o

Canadá!

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Depois de muito tempo estou de volta a este espaço e espero não demorar mais tanto para escrever aqui. A vontade de postar já era antiga, mas neste último ano estive dividido entre a reta final da faculdade (agora sou jornalista com diploma!), o estágio na rádio e alguns cursos que eu fiz no pouco tempo que me sobrava durante a semana. Nos últimos meses de 2013 eu também comecei a me preparar para um intercâmbio na cidade de Toronto, no Canadá. Comecei pensar na viagem ainda nos primeiros semestres da faculdade. Já fazia curso de inglês em Salvador, mas achava que nada seria tão interessante para aprender o idioma quanto um intercâmbio em um país de língua inglesa. A escolha pelo Canadá a principio foi por ser um lugar mais barato e onde eu ia ter a possibilidade de ter visto de estudo e trabalho. O que também influenciou a minha escolha foi o fato de eu ter um grande amigo morando aqui com a esposa há quase três anos. Dei entrada em todo o processo no inicio do ano passado at