Caminho de casa e caminho de me perder

Eu já nem lembro quantas vezes me perdi andando pelas ruas de Toronto. Só na primeira semana foram umas quatro vezes. Lembro que uma vez eu tinha ido a um shopping perto da escola, mas na hora de voltar acabei entrando em uma rua errada e aí de repente eu não fazia a menor ideia de onde estava. Isso sem falar no dia em que eu cheguei aqui e me perdi porque fui pro ponto de ônibus errado. O detalhe é que isso tudo aconteceu quando ainda nevava muito e o frio era insuportável. No fim das contas foi bom porque me fez criar o hábito de andar mais atento a pontos de referência. Mas o que me ajudou mesmo foram os mapas das estações de metrô. Hoje em dia é muito raro eu me perder por aqui. E quando isso acontece, eu entro em uma estação e facilmente consigo me situar.

Os canadenses reclamam muito do sistema de transporte daqui, mas pra mim é tudo ótimo. No transporte público você tem a opção de andar de metrô, bonde ou de ônibus. Em todos os pontos de ônibus ou nas estações de metrô há sempre uma tabela ou uma TV que informa qual o horário da próxima partida. Lógico que é apenas uma estimativa, mas normalmente a diferença é de no máximo dois minutos. Dá até pra arriscar chegar nos pontos em cima da hora. 

O transporte público daqui é tão eficiente que você vê poucos carros na rua. Os canadenses não vêem tanta necessidade de ter um veículo casa. Muitos tem o seu próprio carro, mas é comum você encontrar quem só tire o veículo da garagem nos fins de semana ou nos feriados. E como não há tantos carros na rua também não há engarrafamentos. Apenas em horários de pico você chega a ver algo que de lembre vagamente um congestionamento, mas nem de longe se compara às horas que motoristas e passageiros gastam parados em grandes cidades do Brasil.

O valor da passagem aqui é C$ 3,00, mas há um cartão que te dá direito a usar quantas vezes quiser os veículos de transporte público por aqui mensalmente (C$ 133,75) ou semanalmente (C$ 39,25). Nas estações de metrô é preciso passar esse cartão em uma catraca, mas nos ônibus e nos bondes você deve mostrar ele ao motorista. Muitos motoristas sequer olham para o cartão. Porém, quando alguém entra sem cumprir esse ritual eles param o veículo até que a pessoa pague a passagem ou apresente o cartão ou desça. 

Outra coisa interessante por aqui são os blue nights, que são os ônibus e bondes que rodam de madrugada. Eles passam em um intervalo maior. Cerca de 20 a 30 minutos entre uma partida e outra. Mas é uma boa opção para quem precisa ou quer voltar mais tarde pra casa. Os pontos que contam com esse serviço são sinalizados. Já o metrô, faça chuva ou faça sol, só funciona até à 1h40.

Coluna de uma estação de metrô
No meu segundo mês de vida canadense, eu ainda não sabia que nem todos os pontos contavam com esse serviço 24h e aí quase passei por um apuro. Saí da casa de um amigo à meia noite e só fui chegar na estação onde eu ia ter que pegar o ônibus que me deixava em casa à 0h40. Como o meu ônibus estava demorando mais que o normal para passar, resolvi dar uma olhada na tabela e vi que o último havia passado às 22h30. Um susto! Resolvi tentar ir andando, mas desisti depois de andar poucos metros porque além do frio, começou a cair uma tempestade de neve na cidade. À 1h30 resolvi entrar novamente no metrô (faltando dez minutos para o serviço parar) e ir para a estação anterior à que eu estava. Lá eu descobri um ônibus que ia passar em poucos minutos, mas que ia me deixar a um quarteirão da minha casa. Ufa!

Hoje já não tenho mais esse problema porque na casa em que estou morando há um bonde 24h com ponto na entrada da minha rua. A depender de onde eu vá, muitas vezes prefiro voltar andando mesmo de madrugada. Não, não tem perigo! E é sobre isso que eu vou falar na próxima postagem.

Imagens: http://instagram.com/arturqzz

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

''Tempo rei''

A tal da dona privacidade

Primeiros Caracteres