Cidade abandonada e ao mesmo tempo sitiada

Desde a última quinta-feira Salvador tem vivido uma onda assassinatos, vandalismo e roubos por causa da greve de parte dos policiais militares. Quando comecei a escrever este texto já haviam sido registradas 43 mortes, 58 carros roubados, 10 lojas arrombadas, R$ 200 milhões em prejuízo e mais de 70 peças teatrais e shows cancelados ou adiados, segundo informações do jornal Correio e G1 Bahia.

Tudo começou a acontecer no dia 2 de fevereiro, dia de festa na cidade. Eu até cheguei a comentar que em pleno dia de saudar a rainha das águas salgadas, todos acordaram de branco, pedindo paz, proteção e, no entanto, no final da tarde as pessoas não sabiam como iriam voltar para casa ou não queriam cogitar a possibilidade de sair dela. Nem a casa de Iemanjá no bairro do Rio Vermelho ficou imune a um arrombamento e roubo.

Todos se assustaram e ficaram com medo, não dava pra sentir segurança em lugar nenhum. Não vi acontecer nenhuma dessas situações, mas algumas pessoas me contaram sobre conhecidos que viveram um verdadeiro desespero nas ruas. Uma amiga minha, que voltava da faculdade para casa, estava a bordo de um ônibus próximo aos que foram parados por policiais e atravessados no meio da Av. Paralela, uma das mais movimentadas de Salvador.

O jornal A Tarde, Correio, Folha de São Paulo, O Globo etc. amanheceram estampando o assunto em suas capas e até os internacionais Washington Post (EUA), El País (Espanha), Clarín (Argentina) e II Journal (Itália) deram grande destaque à situação de Salvador e alertaram que tudo estava começando a se refletir no interior do Estado.

Ao todo, mais de 3000 homens da Força Nacional, exército, marinha e aeronáutica estarão na cidade para reforçar que "a PM do estado da Bahia, centenária milícia de bravos e defensora da paz, não pode se transformar num instrumento de intimidação e desordem", como disse o governador Jaques Wagner em pronunciamento feito na última sexta-feira (03) pela rádio e TV.

Há algumas semanas eu já pensava em escrever aqui sobre o abandono no qual a cidade se encontra, principalmente depois de ter visto imagens da praia do Farol da Barra tomada de lixo. A partir de agora, além da revolta por conta desse abandono, perceber este clima de insegurança, que mesmo com a presença da Força Nacional e das Forças Armadas não vai passar, me faz pensar de que forma ficaremos tranquilos para retomar nossa rotina ou fazer qualquer tipo de programação para aproveitar o Carnaval.

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