Mais uma face do preconceito
Durante o final deste semestre eu
estive envolvido com a produção de um trabalho da faculdade que tinha Homofobia
como tema geral. Fizemos umas pesquisas com algumas turmas para saber a
orientação sexual dos alunos, se eles sabiam o que era a homofobia e se eles
concordavam com isso. O fato de haver uma quantidade maior de pessoas
assumidamente bissexuais diante da de homossexuais chamou nossa atenção a ponto
de optarmos por criar o nosso projeto falando dos bissexuais (aquele que se
relaciona afetivamente/sexualmente com pessoas do mesmo sexo ou do sexo
oposto).
Arte: Artur Queiroz
Mergulhar neste tema para poder
desenvolver o projeto nos fez descobrir um mundo. Nós não sabíamos que eles sofriam tanto com o
preconceito. Uma média de 3% da população brasileira diz sofrer com a “bifobia”
de acordo com pesquisa Datafolha de 2009. Mais de cinco milhões no país são
assumidamente bissexuais, eles possuem uma bandeira (nas cores rosa, lilás e
azul) e adotaram 23 de setembro como o dia do orgulho bissexual.
Nós já imaginávamos que houvesse
a discriminação dirigida aos bissexuais por parte dos heterossexuais, mas a
grande surpresa foi descobrir que muitos homossexuais também os discriminavam. Os
heterossexuais e homossexuais que são preconceituosos acreditam que os
bissexuais são pessoas promíscuas, instáveis ou que na verdade são homossexuais
que se escondem atrás da “máscara” da bissexualidade.
O doutor Dráuzio Varella já disse
que “a homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância”. Eu concordo com isso
e acredito que também existe uma ilha chamada bissexualidade cercada da mesma
ignorância. Este é um assunto que anda sendo veiculado constantemente na mídia
e em debates, mas o preconceito é tão grande que muitos simplesmente não se
interessam por tentar entender do que se trata como se chegar perto do tema
fosse por sua sexualidade em risco. Um estagiário da faculdade ficou
impressionado ao saber da existência desta vertente do preconceito e chegou à
conclusão de que, segundo palavras dele: “todo mundo se odeia!”.
Eu acredito que da mesma forma
que se nasce tendo liberdade para ter uma orientação política, religiosa,
cultural e intelectual, por que não se pode ter liberdade na orientação sexual?
Ainda mais pelo fato de que esta orientação vem muito antes de todas as outras citadas,
não é questão de opção, de escolha. Se as pessoas conseguissem ao menos enxergar,
compreender e respeitar as diferenças, o mundo não estaria tão violento, tão cruel
e nos preocupando quando pensamos nas gerações que virão por aí.
A imagem acima foi feita para o
projeto que eu comentei no início do texto e segue um vídeo que nós produzimos
como parte da avaliação. O roteiro é meu, a direção de Laís Lopes, edição de
Letícia Rocha, produção de Catarina Alcântara e Thais Barcellos, cinegrafia
de Vanessa Casaes e locução minha e de Henrique Brinco. Queria aproveitar para
agradecer à Ceci Alves, que é nossa professora e nos orientou com o trabalho, e
a Marcos William, Weslei Gomes, Juliana Schriefer e Fernanda Fahel pela participação.
Comentários
Postar um comentário