Descobrindo o Bullying


Nos últimos dois meses eu estive envolvido com a produção de um trabalho, para a faculdade, sobre o bullying. Assim como a maioria das pessoas, eu achava que, por este ser um problema que acontece muito no período em que estamos na escola, sabia exatamente do que se tratava. E, sinceramente, não dava a menor importância. Via o bullying como algo distante da minha realidade, achava que as pessoas estavam dando um tom sensacionalista a uma questão simples, que acontece com qualquer pessoa, em qualquer lugar e que não chega a ser grave.

Comecei a ler um livro chamado “Bullying – Mentes Perigosas nas Escolas” da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. A cada capítulo pelo qual eu passava maior era a minha surpresa. Descobri que não fazia ideia do que, de fato, era o bullying e de tudo que ele pode causar na vida de uma pessoa. Puxando pela memória, consegui identificar muitas situações em que me via, de certa forma, como vítima, como agressor e até como expectador deste tipo de violência.

Entrevistei uma psicóloga, uma diretora de escola pública e algumas crianças que passaram por este tipo de situação.

Estas crianças, tanto a que agride como a que é agredida, me passaram nas suas respostas uma característica em comum: o conformismo. Esta segunda me contou de que forma tudo acontecia, mas, até pelo seu olhar que demostrava certa tristeza e vergonha, ela não entendia porque aquilo acontecia justamente com ela, mas também não acreditava que devia levar este tipo de problema aos pais, uma vez que para ela a solução seria simplesmente mudar de escola.

Já o agressor falou com uma naturalidade incrível! Ele chegava a tratar do assunto com certo deboche. Ele contava de que forma ele agia e dava gargalhadas, achando tudo muito engraçado, como se não passasse de uma grande brincadeira. Levei a entrevista para um tom mais sério, mas ainda assim ele falava comigo achando tudo muito normal, muito comum.

O que eu pude perceber com isso é que o que faltava a elas era informação e assistência. Faltava ao agressor saber da dimensão do problema que poderia estar causando. E faltava à que sofre com o bullying saber que aquilo não é normal, mas que é uma forma de abuso moral e que ela deve, sim, procurar ajuda.
A diretora da escola e a psicóloga me contaram de que forma procuram lidar com o problema e, à sua maneira, concordaram que o assunto, mesmo com toda visibilidade que tem ganhado, não é tratado da forma devida em nosso país. Elas acreditam que a legislação brasileira devia dar atenção especial ao tema.

Em quase todos os estados americanos já existem leis que multam escolas que não denunciam casos de bullying ou que tomam uma posição negligente ao perceber o que está acontecendo. No Brasil, mesmo com algumas campanhas de conscientização, ainda não existe uma lei específica.

Não acredito que o bullying vai acabar, mas a justiça não pode fechar os olhos para o problema. Não cabe somente ao pai, à escola ou ao psicólogo agir isoladamente contra o bullying. Iniciativas devem ser tomadas em conjunto e tendo o apoio da justiça para que cada posição tomada esteja apoiada em um respaldo legislativo.

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